Você sabe a diferença entre o EEG ocupacional e clínico?
Ambos os exames são essenciais para a avaliação da atividade elétrica das células nervosas cerebrais – neurônios -, responsáveis pela coordenação de cada atividade do organismo.
Mas, apesar das semelhanças e de serem realizados com o mesmo aparelho, os testes têm propostas diferentes, que vou abordar neste artigo.
Acompanhando até o fim, você também vai conhecer as aplicações do EEG, boas práticas na realização do procedimento e como otimizar e reduzir o custo dos laudos.
Ficou interessado? Então, vamos em frente.
EEG Ocupacional: o que é?
O eletroencefalograma (EEG) ocupacional é um teste de diagnóstico que monitora a atividade elétrica cerebral do trabalhador, a fim de descartar distúrbios neurológicos ou de consciência.
Trata-se de um teste simples, rápido, indolor e não invasivo, que avalia os impulsos elétricos durante alguns minutos e gera gráficos de linha.
O procedimento é realizado com a fixação de eletrodos no couro cabeludo do empregado, que colhem dados sobre as ondas mentais e os enviam a um monitor, que pode ser analógico ou digital.
Aparelhos analógicos imprimem o traçado em um papel especial, enquanto os digitais formam arquivos digitais com os gráficos, facilitando seu compartilhamento.
É a partir da análise dos gráficos que um neurologista poderá interpretar o eletroencefalograma e elaborar o laudo médico.
Para fins de medicina do trabalho, o laudo é chamado de atestado de saúde ocupacional (ASO), pois confirma a aptidão do funcionário para a função exercida.
Para que serve o eletroencefalograma ocupacional?
O EEG ocupacional auxilia no diagnóstico de males neurológicos e da consciência, dando suporte na proteção de trabalhadores que desenvolvem atividades de risco.
Por isso, o exame costuma integrar Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) de trabalhadores que têm em sua rotina atividades em altura, com operação de máquinas perigosas ou com potencial de provocar danos à sua segurança e de outras pessoas.
Limpadores de fachadas de prédios e motoristas profissionais são exemplos de colaboradores que podem se beneficiar da realização periódica de eletroencefalogramas com finalidade ocupacional.
Caso eles sofram de doenças que provocam crises repentinas, como a epilepsia, colocam em risco não apenas sua vida, como a de colegas, clientes e outros indivíduos que estejam nas proximidades. Mas é preciso cautela antes de recomendar esse exame.
Conforme explica este estudo assinado pelos especialistas Juliana Midori Hayashide e José Tarcísio Penteado Buschinelli, a indicação de EEG deve ser feita aos pacientes que apresentem sintomas e/ou histórico que sugira alterações no funcionamento do cérebro.
Ou seja, é essencial que o trabalhador passe por entrevista (anamnese) e avaliação física antes do EEG, a fim de determinar a necessidade do teste.
Qual a diferença entre eletroencefalograma clínico e ocupacional?
Basicamente, o EEG clínico tende a ser mais detalhado que o ocupacional, pois os testes seguem propostas diferentes.
Enquanto o exame para fins clínicos dá suporte para a confirmação de suspeitas do médico solicitante, o ocupacional é feito periodicamente para prevenir agravos à saúde do trabalhador.
Confira, a seguir, as principais características de cada modalidade do EEG.
Eletroencefalograma Clínico
Este exame é realizado para investigação e acompanhamento de doenças cerebrais em consultórios de neurologistas ou clínicos gerais.
Normalmente, é solicitado quando há queixas relacionadas ao sistema nervoso central, como epilepsia, convulsões, crise parcial complexa, ataques em que o paciente fica se debatendo.
Eletroencefalograma Ocupacional.
Já o EEG ocupacional é feito em colaboradores saudáveis que assumem atividades de risco nas empresas.
Como exemplos, podemos citar os motoristas, trabalhadores em altura como pintores, serventes, auxiliares da construção civil, pilotos de aviões.
O exame é indicado pelo médico do trabalho coordenador do PCMSO, visando evitar acidentes de trabalho decorrentes de crises neurológicas súbitas, como convulsões e perda de consciência.
Uma das recomendações mais comuns ocorre na liberação para trabalhos em altura, que deve seguir as exigências da Norma Regulamentadora 35 da Secretaria do Trabalho.
A norma afirma que as avaliações precisam ser feitas periodicamente e que seja realizado exame médico para identificar patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura, considerando também os fatores psicossociais.
Quais as vantagens do EEG ocupacional?
Com o surgimento da medicina do trabalho, foram implementados diversos exames preventivos para preservar a saúde do trabalhador.
A fim de acompanhar trabalhadores que realizam atividades de risco como trabalho em altura, foram estabelecidos testes complementares de avaliação neurológica, a exemplo do eletroencefalograma ocupacional.
A ideia é minimizar o risco de males súbitos e doenças que impactam no funcionamento do cérebro, o que impediria o candidato de assumir um posto de trabalho de risco.
É de inteira responsabilidade do médico do trabalho avaliar constantemente o trabalhador em sua função, sendo que algumas empresas realizam o EEG desde a admissão do funcionário.
O eletroencefalograma ocupacional é um exame simplificado, com uma montagem dos eletrodos mais compacta e manobras de tempo mais rápidas que o exame clínico.
São poucas as companhias que dispõem de estrutura para fazer esse e outros testes ocupacionais, por isso, eles são constantemente delegados a clínicas de medicina do trabalho.
Entretanto, nem sempre essas unidades de saúde contam com um especialista qualificado para laudar o EEG com eficiência. Nesse ponto, a telemedicina pode ser de grande ajuda.
Como ter laudos rápidos de eletroencefalograma?
Segundo determinações do Conselho Federal de Medicina, testes simples como o EEG podem ser conduzidos por técnicos de enfermagem que recebam o devido treinamento.
Porém, a interpretação e elaboração do laudo médico ou ASO fica restrita a especialistas qualificados na área do exame.
O problema é que nem sempre há neurologistas disponíveis para as clínicas de saúde ocupacional, o que inviabiliza a oferta do EEG em locais afastados de grandes centros urbanos.
Visando solucionar essa questão, a tecnologia digital propiciou o desenvolvimento de plataformas de telemedicina, que garantem a troca de informações de forma prática e segura.
Através desses portais, estabelecimentos em qualquer lugar do Brasil podem compartilhar os registros do EEG ocupacional e solicitar sua análise a distância, otimizando o serviço de laudos.
Diversas clínicas em locais remotos já estão aproveitando essa vantagem da telemedicina, que agrega agilidade aos exames realizados nos funcionários de empresas.
A combinação entre telemedicina e equipamentos portáteis, a exemplo de alguns tipos de aparelho de EEG, viabiliza a realização do exame em locais afastados, sem perder a agilidade.
Como o eletroencefalógrafo armazena os gráficos do EEG, esses dados podem ser transmitidos assim que houver internet, e laudados em seguida pelos neurologistas da telemedicina.
Dessa forma, não é preciso esperar dias pelos ASO e a liberação do trabalhador para suas atividades profissionais.